terça-feira, 28 de junho de 2011

Enigmático Anjo

E depois de nos envolvermos diga-me apenas o que você é
Vamos lá, siga em frente,
Mas se ainda não queres definir-se
Ficaras sendo para mim como um enigmático anjo,
Aqueles adoráveis “seres” que não se definem sexos;

Vamos bela criatura
Lance em mim toda essa sua beleza
E me embriague com seus misteriosos olhos
Venha, pode vir sem medo
Envolva-me e deixe-me sentir suas curvas;

Mostre-me mais um pouco de tudo
E agora me diga o que você é
Ou continue sendo um enigmático anjo,
Venha, vim aqui por você, não temas;
Eu ainda não sei o que tu és
Mas te observo desde sempre;

Vim para desvendar seu mistério
Mas quando um mistério é muito grande a gente não ousa desvendá-lo
Então deixemos um segredo no ar,
Agora, apenas toque meus lábios
E continue sendo meu enigmático anjo.

                                        Brena Castro

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Ébrioso Coração

Sentimentos de incerteza pairam por sobre minha cabeça,
O desejo que me consome é apenas a falta de você,
Falta essa, que me causa sofrimento;

Tento esquecer apenas por um momento
A intensão do destino em ter traçado nossas vidas,
Nesse instante apenas um cálice dessa bebida de cor sangrenta me trará paz.
...
Uma sensação de leveza passeia por entre meu corpo,
Minha paz está parcialmente concretizada,
Porém, minha noite de quinta-feira não está totalmente completa;

Meu melhor dia da semana está indo embora
Sem nenhuma emoção,
E ainda está levando você
Que nunca, realmente, esteve ao meu lado,
Mas que a todo momento está em meu ébrioso coração.

                                                                 Brena Castro

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Toco Tua Boca

Toco a tua boca, com um dedo toco o contorno da tua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a tua boca se entreabrisse e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e te desenha no rosto, uma boca eleita entre todas, com soberana liberdade eleita por mim para desenhá-la com minha mão em teu rosto e que por um acaso, que não procuro compreender, coincide exatamente com a tua boca que sorri debaixo daquela que a minha mão te desenha.
Tu me olhas, de perto tu me olhas, cada vez mais de perto e, então, brincamos de cíclope, olhamo-nos cada vez mais perto e nossos olhos se tornam maiores, aproximam-se, sobrepõem-se e os cíclopes se olham, respirando indistintas, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem com um perfume antigo e um grande silêncio. Então, as minhas mãos procuram afogar-se nos teus cabelos, acariciar lentamente a profundidade do teu cabelo enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragância obscura. E, se nos mordemos, a dor é doce; e, se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu te sinto tremular contra mim, como uma lua na água.
                                                           (O Jogo da Amarelinha. Julio Cortázar.)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Vitória Sem Glória


Entrego-te minha vida,
A minha vitória sem gloria;
Meus pensamentos que vivem em função do passado e da dor,
Desses tais pensamentos, o infortúnio.

Eu faço das mentiras as minhas armas
E do teu sangue, o liquido que sacia minha cede
Faço de tua confiança a minha vingança,
E dela deleitar-se transmutando em uma dança.

O destino não pode repor minha vida
Sombras do meu passado realizentas.
A dor, que enfim pôr?
Enquanto ele vier eu sei que ainda estou vivo

É só outro dia, a vergonha se foi;
É difícil de acreditar que eu a deixei partir.
É apenas uma lubri melodia, e ela sangra em mim
Degenerando minha vida vazável;

Oh vida vazia!

Espera a putrefação dos seus olhos
Para não ver esse desvanecer de alegria,
Pessoas vestidas com máscaras,
Escondidas de suas faces,
Inseguras

E ao fim desse dia de espera,
Trago-te meu doce devaneio, ô agradável quimera!

Enterra-me nesse túmulo sem fim,
Para onde tudo vai e nada volta.
Enxuga essas lágrimas falsas,
Toca meu rosto pálido,
Para enfim, nesse túmulo morrer
Minhas esperanças e alegrias
Que existiam em mim;

Em meio mais uma vitória sem gloria!

                             Giordano Bruno de LaMarques

Arco Iris


Suas lágrimas veem molhar minha face,
Tão pouco restou de um amor que acabou tão triste,
Agora percebo que e o final do meu arco Iris é preto e branco,
E invés de um pote de ouro
O que tenho é um pote de cinzas;

Enterro esses sentimentos no âmago,
A emoção se foi,
Mas mesmo bicolor o restante do meu amor ainda é visível;
Meu ser agora é um cemitério de sentimentos.

Rosas mortas, palavras perdidas,
Um inútil e desgastoso sentimento
Ainda teima em me consumir,
São vestígios de quando me cativavas,
E tu és eternamente responsável por aquilo que cativas;

Um cemitério de vidas, de lembranças e de quimeras,
Um belo cenário para uma linda pintura,
Ao fundo, meu arco Iris de duas cores,
Adentro, a esperança de encontrar uma aquarela.

                                                 Brena Castro

Madrugada Sangrenta


Noite longa e penumbrosa!
A insônia é minha única companheira,
Nesta madrugada estou completamente sozinha,
Nem mesmo meus sonhos para me infortunar;

Pensamentos de incerteza pairam sobre minha cabeça;
Estou anestesiada,
A dor que você me causou
É um fatídico sofrimento

Seu pessimismo me maltrata
Seus longos momentos de instabilidade me deixam confusa;
Não sinto nada,
E nessa madrugada sangro apenas para saber que estou viva.


                                                                        Brena Castro

domingo, 19 de junho de 2011

Morena

É loucura, meu anjo, é loucura
Os amores por anjos... bem sei!
Foram sonhos, foi louca ternura
Esse amor que a teus pés derramei!

Quando a fronte requeima e delira,
Quando o lábio desbota de amor,
Quando as cordas rebentam na lira
Que palpita no seio ao cantor...

Quando a vida nas dores é morta,
Ter amores nos sonhos é crime?
E loucura: eu o sei! mas que importa?
Ai! morena! és tão bela!... perdi-me!

Quando tudo, na insônia do leito,
No delírio de amor devaneia
E no fundo do trêmulo peito
Fogo lento no sangue se ateia...

Quando a vida nos prantos se escoa
Não merece o amante perdão?
Ai! morena! és tão bela! perdoa!
Foi um sonho do meu coração!

Foi um sonho... não cores de pejo!
Foi um sonho tão puro!... ai de mim!
Mal gozei-lhe as frescuras de um beijo!
Ai! não cores, não cores assim!

Não suspires! por que suspirar?
Quando o vento num lírio soluça,
E desmaia no longo beijar,
E ofegante de amor se debruça...

Quando a vida lhe foge, lhe treme,
Pobre vida do seu coração,
Essa flor que o ouvira, que geme,
Não lhe dera no seio o perdão?

Mas não cores! se queres, afogo
No meu seio o fogoso anelar!
Calarei meus suspiros de fogo
E esse amor que me há de matar!

Morrerei, ó morena, em segredo!
Um perdido na terra sou eu!
Ai! teu sonho não morra tão cedo
Como a vida em meu peito morreu!

Álvares de Azevedo